Prepare-se para a viagem ao mundo saudável da Joana. Sob o olhar desta interessantíssima mulher, a vida vegan torna-se tão mais fácil de compreender, de apreciar, de respeitar. Conceda-se uns minutos para aprender a viver e a comer saudável. O PetitChef garante-lhe que não se vai arrepender.
A Joana Silva tem 30 anos, estudou Ciências Farmacêuticas e é Doutorada em Tecnologia Farmacêutica. Trabalhou durante vários anos como investigadora na área do cancro e há cerca de 6 meses deixou a área farmacêutica para se dedicar à verdadeira paixão que é inspirar pessoas a seguir um estilo de vida saudável através da alimentação e do exercício físico. Apesar das limitações da área farmacêutica em Portugal, a Joana estava a gostar bastante do trabalho, até mudar a alimentação e se tornar vegan, o que mudou todo o paradigma da sua vida. Neste momento, dedica-se a 100% ao seu blog (Just Natural Please) e a outros projectos relacionados com a alimentação saudável.
O blod da Joana está escrito em Português e Inglês para poder chegar a mais pessoas. Com ele, ela pretende inspirar as pessoas a sentirem-se bem, a alimentarem-se melhor e a fazerem exercício físico, de forma a puderem desfrutar ao máximo desta grande dádiva que é a passagem pela Terra que, apesar de fugaz, pode ser vivida em todo o seu explendor, com energia e vitalidade.
Venha conhecer a fantástica autora das receitas sem glúten, sem óleos, sem soja e sem frutos secos.
► De onde vem o gosto por cozinhar? Alguém lhe pegou ou aprendeu sozinha?
A minha mãe é cozinheira. Os meus pais têm um restaurante e foi lá que cresci. Até terminar os estudos e começar a trabalhar ajudei os meus pais no restaurante, sobretudo a servir à mesa. Eu preferia ajudar a minha mãe na cozinha, não tanto para poder cozinhar mas mais porque era tímida e insegura e na cozinha sentia-me protegida. Mas o meu pai precisava da minha ajuda para servir à mesa. Na verdade, nunca fui uma grande apaixonada por cozinha. Sempre gostei de fazer bolos e sobremesas mas cozinhar pratos principais sempre me deixou desconfortável e insegura. Desde que deixei de consumir produtos animais e comida processada noto que o meu palato está muito mais apurado e que tenho mais prazer em cozinhar e em comer. Mas a minha verdadeira paixão é inspirar as pessoas a serem saudáveis e felizes e cozinhar é uma ferramenta para o fazer.
► O que é que Cozinhar significa para si?
Para mim cozinhar significa o satisfazer de uma necessidade básica e natural. Apesar de vivermos numa sociedade consumista e insatisfeita, precisamos de muito pouco para sobreviver e sermos felizes: comida, água, Sol, abrigo, exercício, descanso e comunidade. Assim, cozinhar é uma das poucas actividades que acredito fazer parte da nossa essência.
► Tem outras paixões além da cozinha?
Para além de inspirar as pessoas a aprender a cozinhar de forma saudável, amiga do corpo, do ambiente e dos animais, gosto muito de correr. Comecei a correr há cerca de 4-5 anos por necessidade, pois estava a viver no estrangeiro, precisava de poupar dinheiro e não podia pagar um ginásio. Por isso comecei a correr, no início detestava mas com o tempo fui ganhando resistência e comecei a sentir um prazer imenso em correr, sobretudo sozinha ao nascer do Sol. É quase como uma terapia, um momento só para mim. Depois a coisa foi-se tornando mais séria. Comecei a aumentar as distâncias que corria e a participar em provas.
► Porque é que cozinha sem glúten, sem óleos, sem soja e sem frutos secos?
Sou vegan (ou vegetariana estrita), o que significa que não consumo nenhum produto de origem animal. Ser vegan é mais do que um tipo de dieta, é um estilo de vida. Tentamos viver em harmonia com a Natureza, não consumindo nenhum produto que implique a exploração animal, não só na alimentação mas também em outras vertentes como no vestuário, na cosmética e em tudo o que consumimos. Tentamos que a nossa pegada ecológica seja mínima e por isso este estilo de vida é uma forma de amarmos os outros seres humanos, os animais e o planeta.
Tudo começou porque sofria de alguns problemas de saúde, entre os quais enxaquecas, ansiedade, colesterol elevado, tensão alta e muito desconforto abdominal, apesar de considerar que fazia uma alimentação saudável, tipicamente mediterrânica. Há cerca de 2 anos e meio descobri que poderia ser intolerante ao glúten e decidi cortar o glúten da minha alimentação. Senti-me bastante melhor do meu desconforto abdominal mas os outros problemas persistiram. Continuei a interessar-me pela alimentação e a pesquisar mais sobre o tema. Foi então que descobri a alimentação vegan crudívora, que consiste numa alimentação sem produtos de origem animal, baseando-se em vegetais, fruta, sementes e frutos secos consumidos crús. Não hesitei em tentar pois tudo fazia muito sentido e senti-me muito bem logo desde o início sem nunca ter dúvidas que estava no caminho certo.
Durante os primeiros 3 meses fui totalmente crudívora mas depois comecei a incorporar também alguma comida cozinhada como leguminosas, batatas, arroz e outros cereais, mas sempre de forma muito simples, sem azeite ou óleo e sem sal. O meu foco é comer plantas integrais (o que em inglês se chama de "whole foods") pois acredito que a Natureza preparou os nossos alimentos da forma mais completa possível. Os alimentos de origem animal, os alimentos altamente processados e todos os aditivos que são adicionados aos nossos alimentos são a grande causa da maioria das doenças da nossa sociedade (cancro, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, depressão, osteoporose, acne, etc).
Cozinho sem glúten porque sinto-me melhor se não comer glúten e sei que muitos de nós sentem o mesmo. Cozinho sem óleos porque os óleos acabam por ser um alimento processado. O mesmo se aplica aos derivados da soja, como o tofu e o seitan. São alimentos processados e concentrados, que eliminam parte da planta ao serem produzidos e não correspondem assim à nossa alimentação natural. Eu como frutos secos e não tenho nada contra eles, pelo contrário, os frutos secos podem fornecer nutrientes importantes e fazer parte de uma alimentação saudável desde que comidos com moderação. Mas sei que muitas pessoas são alérgicas ou têm problemas em digeri-los. Por isso, algumas das minhas receitas são também sem frutos secos.
Graças a esta mudança nos meus hábitos alimentares sinto-me melhor que nunca a nível físico e emocional. As minhas enxaquecas desapareceram, o meu colesterol e tensão arterial estão normais, já não sóu uma pessoa ansiosa, deixei de ter variações súbitas de humor como sempre tive. Sinto-me sempre cheia de energia, com vontade de viver.
► Por que razão quis partilhar as suas receitas / estilo de vida num blog?
Eu sempre me interessei por saúde e por ajudar as pessoas a sentirem-se melhor. Ao mudar a minha alimentação e ao sentir todos os benefícios que esta mudança me trouxe apercebi-me que poderia ter um impacto muito maior e mais positivo na vida das pessoas se partilhasse este estilo de vida com as pessoas. Esta foi uma das razões que me levou a deixar o meu emprego de investigadora e a criar o blog com receitas saudáveis, vegan, sem ingredientes processados, fáceis de fazer e muito deliciosas. Eu quero ajudar as pessoas a encontrar o seu equilíbrio, a terem energia e vontade de viver, tal como eu me sinto.
A minha alimentação pode parecer muito restritiva mas não é. Muito pelo contrário, nunca me senti tão saciada e nunca senti tanto prazer em comer. O meu blog surgiu também para mostrar às pessoas que é possível cozinhar pratos deliciosos, interessantes e divertidos que são saudáveis e que nos fazem sentir bem.
► Se fosse uma receita, qual seria? Doce ou salgado?
Seria uma manga muito doce e sumarenta, descascada e pronta a comer. É a minha fruta favorita. Não é propriamente uma receita mas representa a ideia que quero transmitir da cozinha e da alimentação: os pratos criados pela Natureza, na sua simples complexidade, são os melhores.
► Tem alguma história engraçada ou não que tenha acontecido na cozinha que nos queira contar?
Que me recorde, não. Mas há um aspecto engraçado da minha cozinha que posso partilhar. Eu tenho sempre tanta fruta na minha cozinha que quem a visita pela primeira vez fica muito admirado e pergunta-me sempre se ando a vender fruta. É engraçado!
► Qual foi a pior receita que fez?
A pior receita que fiz em toda a minha vida foi antes de me tornar vegan. Um familiar ofereceu-me um coelho, já morto e sem pele mas inteiro. Para o cozinhar tive de o esquartejar. Foi horrível... Havia sangue por todo o lado, a faca não cortava, eu própria não tinha a força e o jeito necessários para o fazer. Nessa altura ainda comia carne mas percebi que comer animais não é uma coisa natural. Nós não temos instinto de predador e o sangue repugna-nos. A nossa dentição e sistema digestivo está muito próxima da dos outros herbívoros e é muito distinta da dos carnívoros. Enquanto estava a preparar o coelho só me lembrava da minha gata e questionava-me porque é que a minha gata tinha direito a viver confortavelmente e aquele pobre coelho não. Escusado será dizer que não consegui comer o coelho.
► Na sua cozinha não pode faltar...?
Na minha cozinha não podem faltar plantas integrais. Não tenho um ingrediente chave mas há coisas que tenho sempre na minha cozinha pois como com muita frequência. Tenho sempre alface, tomate, mangas, laranjas e bananas. Estes são os elementos chave da minha alimentação. O restante varia com a época.
► Um conselho a dar aos apaixonados de comida, e aos outros.
Para quem é apaixonado pela comida e acredita que cozinhar é um acto de amor peço que ouçam o vosso coração, a vossa verdadeira essência, e apliquem-na na cozinha. Apliquem todo esse amor para preparar pratos que amem o vosso corpo, que não dependam do sofrimento e exploração de outros animais e que respeitem o ambiente e a Natureza. O paladar aprende a gostar daquilo que lhe quisermos dar, por isso não tenham medo, vão continuar a sentir um prazer imenso em cozinhar e em comer.
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