Quais são as particularidades do café especial?

Café com leite, preto, pingado, gelado, expresso.... Há muitas maneiras de pedir um café em um bar, dependendo de nossos gostos. De fato, como uma pessoa que precisa de um café assim que se levanta, eu conhecia mais ou menos todas elas. Eu sabia até como pedir um café em Málaga, onde as coisas se complicam com até nove maneiras diferentes, dependendo da quantidade de café servida no copo. Também dominei algumas expressões que me deram um ar cosmopolita: Americano, affogato, expresso, cappuccino e até sabia os ingredientes para preparar um Irish Coffee ou um Martini expresso. Até aí, tudo bem. Mas então a realidade me lembra, mais uma vez, que as tendências nunca param.
Não é algo novo, mas agora vejo isso em toda parte: O café especial é servido aqui. Nada chamativo à primeira vista. O próprio adjetivo parece dizer tudo: um café que não é como os outros. Mas paro por um segundo e leio mais devagar: es-pe-ci-al. E é aí que surge a pergunta: o que torna o café tão especial?
Pergunto à minha mãe:
-Mãe, a senhora sabe o que é um café especial?
-Bem, são aqueles bonitinhos que aparecem nas mídias sociais, com um coração de leite com espuma, uma flor ou até mesmo um ursinho de pelúcia gordinho.
Será que é só isso? Eu preciso saber a resposta.
Dá para perceber que não somos da Geração Z. Eles entenderam bem. De fato, eles alternam café especial com chá matcha, enquanto desfrutam de um croffle.
O que é considerado um café especial?
O conceito de "café especial" surgiu na década de 1970, quando Erna Knutsen, uma importante profissional do setor, cunhou o termo para se referir a cafés com características únicas e perfis sensoriais excepcionais. A Associação de Cafés Especiais (SCA) o define como um café com pontuação mínima de 80 de 100 na escala de classificação de qualidade. Esse sistema de pontuação, baseado em critérios de sabor, aroma, acidez, corpo e ausência de defeitos, garante que apenas os melhores grãos sejam considerados especiais.
Critérios que definem um café especial
O que torna um café especial não é apenas a sua pontuação, mas todo o processo de produção, desde a colheita até a xícara. Alguns dos principais fatores incluem:
- Seleção dos grãos: são cultivados em condições ideais de altitude, clima e solo, com variedades selecionadas por seus atributos sensoriais. Os cafés especiais tendem a ser compostos principalmente de grãos Coffea arabica, conhecidos por sua complexidade e riqueza sensorial, embora haja exceções com grãos Robusta de alta qualidade.
- Colheita manual: somente as cerejas maduras são colhidas para garantir uma qualidade consistente.
- Processamento e secagem controlados: métodos como lavagem, mel ou torrefação natural influenciam o perfil final do café.
- Torra precisa: o objetivo é realçar as características do grão sem sobrecarregá-lo com sabores de torra.
- Preparação adequada: métodos como V60, Chemex, AeroPress ou espresso permitem que a complexidade dos sabores seja apreciada.
Aumento da tendência na Europa
Nos últimos anos, o café especial teve um crescimento notável nos países europeus. Cada vez mais consumidores estão buscando mais do que apenas uma dose de cafeína; eles querem desfrutar de uma experiência sensorial completa. Essa mudança na cultura do café levou à proliferação de cafeterias especializadas em cidades como Madri, Barcelona, Berlim e Amsterdã, onde os baristas não apenas preparam o café, mas também instruem seus clientes sobre diferentes origens, métodos de preparação e perfis de sabor.
A transparência na cadeia de suprimentos e o compromisso com a sustentabilidade foram fatores fundamentais para essa evolução. Muitos consumidores valorizam a rastreabilidade do produto e optam por cafés com certificações de comércio justo e práticas agrícolas responsáveis. Ao mesmo tempo, o interesse em aprender sobre o café cresceu significativamente, levando à popularização de cursos, degustações e eventos dedicados à apreciação do café. Assim, o café especial não se tornou apenas uma tendência gastronômica, mas um reflexo de uma sociedade que valoriza a qualidade, a ética e a experiência em cada xícara.
O papel da subjetividade na experiência do café
Apesar dos critérios objetivos de qualidade, a percepção do café continua sendo subjetiva. Um café com pontuação alta na escala SCA não garante que todos o apreciarão da mesma forma. Fatores como preferência pessoal, método de preparo e experiência sensorial individual desempenham um papel crucial. Alguns consumidores podem preferir cafés com notas frutadas e florais, enquanto outros apreciam perfis mais achocolatados e picantes.
Mais do que um drinque para despertar
O café especial é mais do que uma bebida; é uma experiência que envolve qualidade, sustentabilidade e paixão. Seu crescimento na Europa reflete uma tendência de consumo consciente e uma apreciação mais profunda do café em todas as suas dimensões.
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