Parasita da toxoplasmose encontrado em uma a cada 25 saladas embaladas

As saladas prontas para o consumo vieram para facilitar nossas vidas: abrir o saquinho, servir, vestir... e pronto. Mas um estudo europeu recente nos lembra que, quando se trata de segurança alimentar, a conveniência pode ter um preço. Você sabia que 1 em cada 25 sacos pode conter um parasita potencialmente perigoso?
Talvez você não o veja, cheire ou perceba na primeira mordida. Mas ele está lá. O Toxoplasma gondii, o protozoário que causa a toxoplasmose, encontrou seu caminho em alguns desses sacos que estão na sua geladeira. E o pior? Eles vêm rotulados como "prontos para o consumo".
O que você não consegue ver também é comido
Essa descoberta não é uma suspeita isolada, mas o resultado da pesquisa mais abrangente realizada até o momento na Europa sobre esse tópico. O estudo, financiado pela União Europeia e liderado por cientistas espanhóis, foi publicado na revista Eurosurveillance do ECDC. No total, foram analisados 3.293 sacos de salada de dez países europeus, e 4,1% deles apresentaram resultados positivos para oocistos do parasita Toxoplasma gondii. Isso representa um em cada 25.
O Reino Unido está no topo da lista, com 16% de amostras contaminadas, enquanto a Noruega e a República Tcheca quase não tiveram casos. Na Espanha, o número está de acordo com a média: 4,1%.
Um rótulo não garante a segurança
O problema não é apenas a presença do parasita, mas a falsa sensação de segurança. O fato de um produto ser lavado industrialmente não significa que ele esteja livre de riscos. Na verdade, os próprios pesquisadores admitem que não podem determinar se os oocistos detectados estão ativos ou não. E apenas um oocisto viável é suficiente para causar infecção.
Então, é suficiente confiar no rótulo "pronto para o consumo"? A ciência diz que não.
Quais são os danos à saúde?
Não se trata de entrar em pânico, mas de ser realista. Embora em pessoas saudáveis a infecção por Toxoplasma gondii seja geralmente leve ou até mesmo completamente despercebida, com sintomas leves semelhantes aos da gripe, como febre ou cansaço, o risco real surge em mulheres grávidas e naquelas com sistemas imunológicos enfraquecidos.
Em mulheres grávidas sem imunidade prévia, o parasita pode atravessar a placenta e afetar seriamente o desenvolvimento do feto: malformações, danos neurológicos ou cerebrais, problemas de visão e até aborto espontâneo.
Em pessoas imunossuprimidas, como pacientes com câncer ou receptores de transplante, o parasita pode se reativar e causar danos a órgãos vitais.
O mais preocupante é que ele pode começar com algo tão simples quanto uma salada mal lavada.
Precauções úteis, mas não infalíveis
Algumas precauções podem ajudar a reduzir o risco, mas é preciso deixar claro que elas não são infalíveis, especialmente quando se trata de grupos vulneráveis, como mulheres grávidas. Os oocistos de Toxoplasma gondii são particularmente resistentes: eles sobrevivem à lavagem doméstica, à água clorada e, em muitos casos, até mesmo a processos industriais. Portanto, do ponto de vista técnico, a única maneira realmente segura de evitar a infecção por saladas cruas é não consumi-las durante a gravidez se não tiverem sido tratadas para garantir a inativação do parasita.
Entretanto, em um contexto geral, há hábitos que podem ajudar a reduzir o risco:
- Lave-os em casa, mesmo que estejam rotulados como "prontos para comer": use bastante água e esfregue-os com cuidado.
- Mantenha a cadeia de frio desde o supermercado até a sua geladeira.
- Verifique a data de validade e evite consumir o produto se ele apresentar folhas danificadas, cheiro estranho ou líquido turvo.
E, se você estiver grávida ou for imunodeprimido, é mais seguro evitar o consumo de vegetais crus, a menos que você possa verificar se eles foram higienizados com salvaguardas específicas (por exemplo, por meio de tratamento térmico ou desinfetantes validados).
Comer de forma saudável também significa comer com conhecimento
O aumento de alimentos saudáveis, frescos e orgânicos tem sido positivo em muitos aspectos. Porém, se não for acompanhado por uma "cultura de segurança alimentar", pode gerar riscos desnecessários. Não basta escolher o produto certo: é preciso saber como manuseá-lo e quando não consumi-lo.
E quanto a você?
Você costuma comer sacos de saladas, lava as saladas antes de servi-las, apesar do rótulo "pronto para comer", e mudará seus hábitos depois de conhecer os resultados desse estudo?
Estamos interessados em saber como você faz essas escolhas diárias. Conte-nos nos comentários ou compartilhe sua experiência com aqueles que, como você, querem comer bem... sem comprometer a saúde.
